Da reminiscência platônica à construção em análise: um estudo sobre a memória freudiana

Maria Celina Lima Peixoto, Débora Passos de Oliveira

Resumo


O objetivo do presente trabalho consiste em investigar o caráter inventivo da memória freudiana. Para Platão, a memória é pensada a partir de dois tempos, o da inscrição do traço e o de sua reminiscência, a relação que o traço mantém com a percepção é, desde então, problematizada. O filósofo grego, com o intuito de preservar uma memória inteligível, distancia-a de sua conexão com a realidade sensível. Em Freud, a memória dirige-se, fundamentalmente, à percepção. Contudo, a memória freudiana tampouco pode ser pensada como um depósito de experiências outrora vivenciadas, existe, deste modo, um deslocamento do traço mnêmico no que se refere à realidade material. Este distanciamento é devido ao caráter de atualidade da memória freudiana. Logo, se, por um lado, em Platão a memória inteligível é uma evasão do tempo mundano, por outro, em Freud, trata-se de uma causalidade retroativa que, no trabalho de construção, rearranja a dimensão temporal.

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ISSN: 1981-1330