O RIBEIRINHO-URBANO DO BAIRRO UNIÃO EM JI-PARANÁ/RO

Bruna Gonçalves da Silva, Mellissa Moura de Andrade, Tálita Maiume de Oliveira Geraldo, Yana Lara Fagundes de Alcântara, Jania Maria de Paula

Resumo


Este trabalho é o resultado de pesquisa desenvolvida no bairro União, às margens do Rio Machado que teve por objetivo analisar o modo de vida de sua população. Para a coleta de dados foi aplicado questionário fechado, contendo quinze questões relativas à qualidade de vida, para 20 entrevistados. Observou-se no bairro características distintas dos demais que formam a cidade. Enquanto a maior parte de suas populações é originária dos estados do Centro-Sul do país e que chegou a Rondônia a partir da década de 1970, o bairro União apresenta outra formação: 35% dos entrevistados são originários do próprio Estado, além de 25% terem migrado dos estados do Ceará, Alagoas e Maranhão,  contingentes populacionais desses e de outros estados nordestinos dirigidos ao então Território Federal de Rondônia para a exploração de borracha e cassiterita nas décadas de 1940 e 1950. Esta corrente migratória mais antiga explica o porquê de 35% dos entrevistados afirmarem ser rondonienses, formam aqui uma (segunda) geração descendente de nordestinos que vieram para a Amazônia  incentivados pelo governo federal e que aqui foram adaptando seu modo de vida ao ambiente. A comunidade do bairro União é composta em sua maioria por pescadores que retiram do Rio Machado sua subsistência. São famílias que consolidaram o modo de vida ribeirinho-urbano intrinsecamente ligado à água, isto se comprova quando 55% dos entrevistados afirmam morar no bairro há mais de 15 anos e 10% alegam residir ali há mais de 10 anos. O modo de vida ribeirinho-urbano está adaptado às cheias e vazantes do rio. Produzem o espaço geográfico a partir do ritmo das águas, por isso a maioria das moradias do bairro é construção de palafitas. Enquanto as habitações dos outros bairros são construções em alvenaria, neste 45% das residências são de madeira e 30% são mistas. As palafitas são encontradas nas áreas imediatamente próximas ao rio, por serem de madeira têm condições de passar por adaptações como a elevação gradativa do assoalho, impedindo a inundação nos períodos de enchentes. A vivência do ribeirinho-urbano num ambiente da cidade degrada aos poucos o seu modo de vida, ainda que tenham buscado se fixar em local semelhante ao ambiente de origem, a estrutura da cidade impõe sobre ele a urbanização, mesmo sem que o Poder Público promova a qualidade de vida no bairro. 75% respondem que seus esgotos domésticos são canalizados diretamente para o rio, explicam a impossibilidade da utilização de fossas simples, dada e proximidade do lençol freático com a superfície.  A pesquisa pode concluir que a população do bairro União insiste em manter suas características ribeirinhas; para ela, o rio é vida e palco de manifestação de suas relações sociais e fonte de sobrevivência, esse mesmo rio recebe todos os dejetos das residências em suas margens.

 

Palavras chaves: Bairro União. Ribeirinhos.  Modo de vida.


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